domingo, 22 de dezembro de 2013

Para marcar o último dia

Então ...
fazer poesia,
marcar o último dia.
É hora,
corre menina.
É dia de fim.
Vai ...
faz a tal poesia.
Diga a todos
das alegrias,
das avarias
e outras vividas
que cabem
na forma ias

Mas é que me ponho a pensar,
ensaiar versos, rimas, prosas
Dançar nas letras da poesia
É que gosto mesmo
das alforrias.
Pobre das palavras
fazer poesia por obrigação
de dia.
Sei não.
Melhor deixá-las
desditas
quase mistério,
quase magia.
Afinal, quem inventou
esta agonia
de matar em sacrifício
e dar tristeza
para este dia
que faça
para si e os seus
alguma aletria.

Deixem a prosa,
o poema, o cordel
e as cantorias.
Deixem  que elas segredem
seu gosto,
digam da vida
que ganham,
aceitem dizer da vida
da gente
naquilo que são,
nas formas que têm,
no dia, na noite
ou no tempo.

Ah, o tempo.
Tenho saudades do tempo.
Das músicas ouvidas em vinil.
Dos abraços quentes do primeiro amor.
Do pobre do Di Giorgio
que testemunhou meus fracassos musicais.
Dos amigos do fim de tarde.
Das conversas sem rumo, de risos fáceis e
gostos de estar junto, apenas para estar juntos.
Tenho saudades da chuva.
Mas hoje chove.
E isto faz o dia bom.

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