sexta-feira, 15 de maio de 2015

Não sou José e nenhum anjo torto me disse nada


Meu amigo Fran
escreveu sobre minhas postagens
em devir animal.
Tão delicado é receber palavras escritas de amigos.
É sempre um generoso experimento
receber impressões daqueles que nos leem.

A distância produz um tipo de intimidade
suave, generosa, confessional,
quase incondicional.
Só consigo entender a palavra
incondicional assim,
experimentando palavras escritas
trocadas entre amigos.

Minha amiga de palavrórios
morreu. Ró querida nos deixou.
Levou consigo palavras
que animavam nossas
brincadeiras poéticas.
Ao menos pude dedicar-lhe
uma elegia.

E agora?
Não sou José e nenhum
Anjo torto me disse nada.
Vou ficar mesmo é com Adélia Prado.
- Dor não é amargura. Mas o que sinto escrevo. 


PRADO, Adélia. Com Licença Poética. In: Bagagem. Record: Rio de Janeiro/São Paulo, 2009. 


Um comentário:

  1. Rô, que bonita homenagem à sua amiga de palavrórios! Eu fico contente em ler-te e com essas palavras e a lembrança da Adélia Padro, me veio o pensamento de que, tal como A.P. se colocou - feita de barro e oca: barroca - esse barro um dia se esvai, se quebra e libera nosso ser a ser o que quiser, ficamos infinitos!

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