PARA NÍCOLAS
Ontem fui à livraria
Nícolas era minha motivação
Lá uma fome de palavras
atiçou quereres e alguma euforia
Risos, gritos e gestos infantis
Movimentos de ir e vir
mexer e bulir
fizeram alvoroço em meu coração
Foram as memórias infanto juvenis
de bibliotecas feito livrarias
que cobriram meus sentidos primeiros
antes do mundo e seus buliços
exigirem de mim
deixar com a criança as palavrarias
Quis pensar
mas (des)pensei
Fiz o que Bernardo* fazia
voltei a viver de luxúria em palavrarias
*Inspirado no poema em prosa Escritos em Verbal de Ave de Manoel de Barros. São Paulo: Leya, 2011.
domingo, 15 de maio de 2016
Cinquante - Uma Primavera Nova e Desconhecida
Talvez seja
a umidade da chuva
se anunciando
Talvez seja
o sangue vivo
visto em sonhos
Talvez seja
a vigília das madrugadas
com som de despertar
quando ainda é noite
Talvez seja
a forte lembrança
do primeiro pigarro do dia
na longa e bem aventurada jornada
daquela mulher que se chamava mãe
e que vivia de fazer o dia
já antes do amanhecer
Talvez seja
a vontade de homenagear os mortos
Talvez seja
a vontade de saudar os vivos
Talvez sejam
as terras férteis
mandando dizer dos brotos novos
que se anunciam
numa primavera nova e desconhecida
Les Cinquante
a umidade da chuva
se anunciando
Talvez seja
o sangue vivo
visto em sonhos
Talvez seja
a vigília das madrugadas
com som de despertar
quando ainda é noite
Talvez seja
a forte lembrança
do primeiro pigarro do dia
na longa e bem aventurada jornada
daquela mulher que se chamava mãe
e que vivia de fazer o dia
já antes do amanhecer
Talvez seja
a vontade de homenagear os mortos
Talvez seja
a vontade de saudar os vivos
Talvez sejam
as terras férteis
mandando dizer dos brotos novos
que se anunciam
numa primavera nova e desconhecida
Les Cinquante
Para Dilma Russef - Entenda, você é a caça do dia.
Saia daí
não exiba suas formas
não voe não.
Saia daí
não deixe o Adversário e o Companheiro
saberem de suas artes na luta.
Guarde-as para lutas limpas.
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
Companheiros querem vingar
o orgulho da derrota em seu voo
Adversários querem arrastar
na biga de Aquiles suas artes de guerra.
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
não exiba suas formas
não voe não.
Saia daí
não deixe o Adversário e o Companheiro
saberem de suas artes na luta.
Guarde-as para lutas limpas.
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
Companheiros querem vingar
o orgulho da derrota em seu voo
Adversários querem arrastar
na biga de Aquiles suas artes de guerra.
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
Saia daí
vá ver crianças crescendo!
Saia daí
vá ver o pôr do sol nas águas pesadas
e profundas de um rio!
Saia daí
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
Saia daí
Companheiros e Adversários
estão em festa.
Deixe que celebrem sem você
Saia daí
estas celebrações exigem imolar um vivo
Saia daí
darão a seu ídolo
sua vida
Entenda, você é a caça do dia.
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
* Inspirado no poema Rannock, por Glencoe - Paisagens de T.S.Eliot. Poemas escritos e publicados entre 1924 e 1935 - Poemas Menores. Disponível em: T. S. ELIOT, POESIA. Traduação Ivan Junqueira. Apresentação Affonso Romano de Sant'Anna - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. p. 168
Ossos não bastam para fazer a vida viva.
* Inspirado no poema Rannock, por Glencoe - Paisagens de T.S.Eliot. Poemas escritos e publicados entre 1924 e 1935 - Poemas Menores. Disponível em: T. S. ELIOT, POESIA. Traduação Ivan Junqueira. Apresentação Affonso Romano de Sant'Anna - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. p. 168
T.S. Eliot, D. H. Lawrence e as delícias do amor
T.S. Eliot, D. H. Lawrence e as delícias do amor
Quando tive meu primeiro Eliot
pensei ter reencontrado as delícias
de sonhar com o devir do amor
em contos lidos nas tardes quentes
de um agosto antigo.
Me descobri em confusão.
Os contos eram de Lawrence
As delícias eram devir de um maio quente
molhado no açoite das chuvas
trazidas pelo mar.
Boa, breve e macia confusão.
Anúncios de um por vir
que lembram terra em brotação
cujo verde rasga tudo querendo o azul.
Assim foi a vermelhidão do sangue vivo
molhando os sonhos
cuja força fez acordar poemas de Ariadne para Dionisio.
Quando tive meu primeiro Eliot
pensei ter reencontrado as delícias
de sonhar com o devir do amor
em contos lidos nas tardes quentes
de um agosto antigo.
Me descobri em confusão.
Os contos eram de Lawrence
As delícias eram devir de um maio quente
molhado no açoite das chuvas
trazidas pelo mar.
Boa, breve e macia confusão.
Anúncios de um por vir
que lembram terra em brotação
cujo verde rasga tudo querendo o azul.
Assim foi a vermelhidão do sangue vivo
molhando os sonhos
cuja força fez acordar poemas de Ariadne para Dionisio.
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