quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sebastião Salgado e a força dos bichos todos

Num dia desses fui ao cinema.
Havia promessas na escolha:
A amizade de um homem e uma baleia,
Brincadeiras de roda com leões marinhos,
Um bicho que tem mão de gente e é mais antigo que toda gente -
um lagarto de galápagos
e morsas dentuças.
O Sal da Terra de Wim Wenders e Juliano Salgado
faz expandir nossos sentidos
com bichos marinhos e outros grandes
monstros terrestres.
Ressecam nossas retinas
com a triste sina da natureza humana.
Matar uns e outros:
bichos homens, bichos bichos, vida verde, toda a vida, a vida toda.
Estranha e impressionante é a natureza humana.
E Ela são muitas.
Sebastião Salgado deixa que contem
a história de desencantamento de um homem
por si e pela cultura de homens.
Terra seca. Fim de tudo.
Sebastião Salgado deixa que seu filho,
seu bicho homem,
conte do reencantamento
que os bichos todos fizeram brotar nele
e na terra de onde ele mesmo nasceu.
Sal da Terra
Um filme para ver de novo.
Olhos D'Água
Documento daquilo tudo que somos
Horror e força criadora.
Homens de Cultura.


O Sal da Terra. Documentário. Wim Wenders e Juliano Salgado (Brasil/França, 2014)

2 comentários:

  1. Que lindo Rô, você escreve tão bem e poeticamente, não pare nunca.

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  2. Quando eu fazia comunicação, minha professora de fotografia desmerecia Sebastião Salgado, mas eu mesmo não conseguia parar de olhar aquelas fotos montadas, aquele universo realista e fantástico. Para mim, ele conseguia fazer poesia com a imagem mais que real... e você fez isso agora, uma crítica em forma de poesia! Obrigado por compartilhar suas palavras, Rô!

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