domingo, 12 de maio de 2013

"O medo estava ali, nem no fundo, nem no raso, nadava tranquilamente"

Num dia desses uma amiga levou um tremendo susto.
Depois ela escreveu contanto a história.
Quando falou do medo que sentiu fiquei pensando
Isto é uma forma de viver.

Vejam, ela teve medo, muito medo.
Mas sua escrita não fala com horror do medo,
com ânsia de desfazer-se do medo.
Ela fala da presença do medo.
Uma presença como outras.

A presença da expectativa de uma festa
de casamento que se aproxima,
A presença de uma amigo que a visita,
O sabor de uma comida.

Ela fala do medo sem medo do medo.
Seu medo é da doença e sua força.
O medo, na sua escrita, é uma presença.
Ela diz: "O medo estava ali, nem no fundo, nem no raso, nadava tranquilamente".

Gostei muito desse jeito de falar do medo.
Sempre fico pensando que o medo
deve ter muito medo da gente.
Ele dá um pequeno sinal de vida e é histeria geral.
Choros, gritos, gestos grandes, vozerios soltos.

Ele deve ter gostado muito.
Ela o deixou nadando tranquilamente.
Gente, o medo deve ter esquecido de si.
Penso até que a partir de hoje ele nem vai
mais se assustar com os sustos que provoca.
Vai sair pra nadar enquanto o povo corre por aí.

Só não achei bom para mim..
Eu na piscina a dar braçadas e de repente...
o medo a nadar tranquilamente.
Faço eu o que com o meu medo de nadar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário