Então.
Tenho pensado muito nestes dias.
Mas é um pensamento silêncio.
É um pensar por imagens.
Fui ver o filme sobre Camile Claudel.
É sóbrio.
Tem o fundo amarelo, como a luz de vela
e o preto da solidão sem luxos.
É casto.
Acho que é isto. Tiraram toda
a libido de viver de Camile.
Eu tinha uma gata linda.
O nome dela era Camile Claudel.
A veterinária riu quando escreveu seu nome na caderneta de vacinação.
Raça: Pelo curto brasileiro. Vulgo, pé duro.
Eu a peguei da rua. Estava com fome.
Dei comida e ela ficou.
Tão linda.
Deu muitas crias. Era namoradeira como o quê.
Depois ela morreu. Foi triste.
A Camile do filme impressiona.
A expressão do rosto é de mulher.
Faces bem marcadas. Bonitas, mas marcadas.
Não havia loucura em suas faces.
Havia solidão. Muita solidão.
Nenhum excesso em seu rosto.
Apenas solidão.
O filme é corajoso.
Deixa o expectador ver o que Camile vê.
Mesmo que Camile queira ver outra coisa,
há que ver o que pode ver.
Galhos secos de uma árvore,
uma horta e freiras de capote preto.
O som do filme perturba.
Escuta-se sua força nas coisas que toca.
Acho que a libido do filme está no vento.
E nas pedras. Há muitas pedras.
Pedras brancas opõe-se aos
passos dos personagens.
Acho que ainda estou pensando.
Talvez eu reescreva este texto.
Talvez fique como Camile.
Aceitando que este é o limite.
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